terça-feira, 13 de abril de 2010
De Zola
Ontem estava a ler mais um livro de Zola quando fui efectivamente gozada por estar a ler "livros franceses com letras pequeninas"! :)
É verdade que há livros franceses muiiito intelectuais e muito chatos. Mas também é verdade que há livros francamente interessantes, muito bem escritos e com um pano de fundo que lhes dá um interesse especial: é que havia barreiras a quebrar, ou seja, os livros eram statements.
No caso de Zola (1840-1902), e sem querer fazer um testamento que não suporte a ideia de que vale mesmo a pena lê-lo, foi o naturalismo. Zola criou um projecto de vida para si mesmo: escrever a história de uma família, os Rougon-Macquart, não de forma romanesca, mas pretendendo provar uma tese sociológica e científica - a hereditariedade - compondo-a com traços de darwinismo. O subtítulo dos 20 volumes da sua história é assim "Histoire Naturelle et sociale d'une famille sous les second empire."
Zola dá assim início a um projecto pensado que marcará a literatura francesa de forma determinante. O autor cria um esqueleto, descrevendo as personagens, locais e acção de forma exaustiva, que cumprirá até ao fim. A "tara familiar" que Zola pretende provar, originária do antepassado que é a Tante Dide, terá assim passado através das 5 gerações que compõem a família.
"Eu desejo explicar como uma família [os Rougon-Macquart], um grupo reduzido de seres humanos, conduz a si mesma dentro de um determinado sistema social (...) dando origem a dez ou vinte membros, que, embora possam parecer, à primeira vista, profundamente divergentes uns dos outros, são, como a análise demonstra, mais intimamente ligados por meio da afinidade. Hereditariedade, como a gravidade, tem suas leis."
Cada livro analisa portanto um elemento da família que, na maioria dos casos, é uma espécie de personagem-tipo: o padre, o mineiro, o burguês, o operário alcoólico, os vendedores de legumes do mercado Les Halles etc.
Imperdível mesmo.
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