quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Completamente Out of Africa



Jamais em tempo algum eu poderia escrever onde quer que fosse sem incluir uma linha sobre este filme. Se agora disser espectacular, vai parecer piroso; maravilhoso também; fantástico é um pouco oco, fenomenal parece adjectivo para filmes de ficção científica... fica sublime.

É que tudo no filme é mesmo muito bom. A música, a fotografia em cores quentes, o ritmo, o guião. Nunca África tinha sido tão central como neste filme. Faz quase pensar na literatura francesa do século XIX sobre a cidade: cidade-personagem que se impõe ao lado dos actores.

E depois a voz da Meryl Streep

"once i had a farm in Africa"

e a cena em que ela guarda os livros, sentada no chão, para descobrir que ele morreu. Não deixa de ser uma interpretação profundamente contida, a de todo o filme, e por isso mesmo mais emotiva, por dar espaço à interpretação.

(todas as histórias de amor são ridículas)

As imagens dos quicuio na escola. Todo o projecto do café. E o fogo. Já para não falar da própria Karen, dinamarquesa perdida em África, num continente que nos aparece tanto maior quanto a imensidão das filmagens verticais com terra a perder de vista. É impossível esquecer a tensão dramática dos serões a contar histórias - renovada noção das noites sem televisão.

Filme sobre a noção de liberdade. Disputa entre dois seres profundamente livres que no entanto se apaixonam - o amor não sabe não pedir nada em troca.

E depois existe o Robert Redford, actor que não consigo comentar sem um sorriso nos lábios e uma certa condescendência perante a minha própria parcialidade. É que ele não sabe, mas durante muitos anos achei mesmo que ele me tinha lavado o cabelo na margem de um qualquer rio no Quénia.

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