Jamais em tempo algum eu poderia escrever onde quer que fosse sem incluir uma linha sobre este filme. Se agora disser espectacular, vai parecer piroso; maravilhoso também; fantástico é um pouco oco, fenomenal parece adjectivo para filmes de ficção científica... fica sublime.
É que tudo no filme é mesmo muito bom. A música, a fotografia em cores quentes, o ritmo, o guião. Nunca África tinha sido tão central como neste filme. Faz quase pensar na literatura francesa do século XIX sobre a cidade: cidade-personagem que se impõe ao lado dos actores.
E depois a voz da Meryl Streep
"once i had a farm in Africa"
e a cena em que ela guarda os livros, sentada no chão, para descobrir que ele morreu. Não deixa de ser uma interpretação profundamente contida, a de todo o filme, e por isso mesmo mais emotiva, por dar espaço à interpretação.
(todas as histórias de amor são ridículas)
As imagens dos quicuio na escola. Todo o projecto do café. E o fogo. Já para não falar da própria Karen, dinamarquesa perdida em África, num continente que nos aparece tanto maior quanto a imensidão das filmagens verticais com terra a perder de vista. É impossível esquecer a tensão dramática dos serões a contar histórias - renovada noção das noites sem televisão.
Filme sobre a noção de liberdade. Disputa entre dois seres profundamente livres que no entanto se apaixonam - o amor não sabe não pedir nada em troca.
E depois existe o Robert Redford, actor que não consigo comentar sem um sorriso nos lábios e uma certa condescendência perante a minha própria parcialidade. É que ele não sabe, mas durante muitos anos achei mesmo que ele me tinha lavado o cabelo na margem de um qualquer rio no Quénia.

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