terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Da fotografia de Baryshnikov por Annie Leibovitz



Não sou de todo expert em fotografia. Não conheço os termos técnicos ou os parâmetros sob os quais se deve avaliar uma imagem. Não deixo, no entanto, de achar que em literatura, pintura, fotografia, dança, música e afins um conhecimento demasiado técnico pode acabar por destruir o olhar puro perante a obra.
É evidente que não sou a primeira pessoa a analisar a questão da crítica e a da validade da mesma, mas tenho particular gozo em pôr-me perante formas de arte sob as quais não tenho a priori quaisquer termos pré-definidos.

Esta fotografia une dois artistas que aprecio particularmente: Baryshnikov e Annie Leibovitz. O primeiro pela forma magistral como dança, pela clareza da técnica, pela postura emotiva que põe nos movimentos, pela criatividade que incutiu à sua forma de viver a dança. Leibovitz pelo dramatismo da sua fotografia, pela impressão de fim de mundo que transmite, pela capacidade de criar fotografia "comercial" sem por isso perder a essência que a leva a disparar.

Leibovitz ousa aqui inverter os padrões estéticos pondo o bailarino a ser elevado por outro bailarino, ao contrário da imagem tão fortemente difundida da mulher, mais frágil, levantada por um homem. Baryshnikov é assim imortalizado numa posição que poderíamos considerar contra-natura frente a um dos elementos mais ilustrativos da Natureza: o mar. E se as convenções parecem ser invertidas, Baryshnikov não deixa de conseguir uma posição tecnicamente muito bonita - ficando, assim, na imagem como um artista capaz de interrogar a ordem sem por isso deixar de a atingir.

Sem comentários:

Enviar um comentário