domingo, 21 de março de 2010

Joana Vasconcelos na Coleccção Berardo

Recomendo, não vivamente, mas muito vivamente. Trata-se de uma das melhores exposições que já vi.



Joana Vasconcelos é não só uma artista de se lhe tirar o chapéu, como uma Portuguesa de mão cheia. A sua obra exposta no CCB testemunha uma noção da Cultura Portuguesa que raramente acontece. Joana é capaz de pegar nos objectos mais prosaicos e torná-los parte de obras de arte como se sempre tivesse sido esse o seu objectivo. Não falo só dos o.b. que constituem o incrível lustre, mas de tudo o resto.

Esta escultura, por exemplo, não era das minhas preferidas antes de hoje. Só que, no CCB, ganhou um novo significado pela excelente construção da exposição: percorremos alguns corredores escuros, subitamente uma sala forrada de preto, a "Gaivota" da Amália e três esculturas como esta, em diferentes cores, feitas de garfos de plástico. Repito: garfos de plástico trabalhados como se fossem plasticina. Torna-se quase emocionante pelo conjunto estético que criam.



A criação abaixo é igualmente incrível, ocupando toda uma sala, como se de uma lombriga se tratasse. Não posso deixar de chamar a atenção para o lado absolutamente selvagem de alguns estrangeiros que se deitavam em cima da dita como se estivessem num mero sofá em casa. Que tristeza. Os Portugueses presentes, olhando de soslaio, fizeram questão de as fazer ver que isto não é realmente a república das bananas. "Elas que façam isto na terra delas, olha que coisa!"


A escultura da burka abaixo é igualmente impressionante, representando paralelamente a peça de vestuário e uma espécie de enforcamento metafórico. A própria estrutura metálica é original e interactiva.


Acima de tudo, e mais do que a sensação que não deixa de ser pessoal que a exposição transmite, marcam o enorme profissionalismo e a franca originalidade, construindo-se um conjunto de nível internacional.

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